Atenas e mercado de antiguidades: caminhando por  Monastiraki e Plaka

Victor Kloeckner Pires para o Blog Mari pelo Mundo

 

Há mais de sete mil anos Atenas mantém sua exuberância, imponência e beleza. Repleta de construções grandiosas que são verdadeiras relíquias seria de se pressupor que se trata de um local fácil de encontrarem-se, à venda, peças antigas (relativamente) importantes.

No imaginário, poder-se-ia até pensar-se em alta antiguidade (para os já iniciados), dada a importância histórica da Grécia.  Na verdade, nos tempos modernos, pouquíssimos antiquários ainda mantêm suas portas abertas a um público cada vez mais restrito em Atenas.

Peças raras, que chamem a atenção, não mais são tão facilmente encontradas. Mas nem tudo está perdido. Escolhi um domingo para explorar o mercado de antiguidades (de pulgas) local.

Percorrendo o bairro de Monastiraki

Fui cedo rumo à Monastiraki, o bairro que tomou emprestado como nome o pequeno mosteiro que fica bem no seu centro. O bairro é, provavelmente, o local mais agitado de Atenas a qualquer hora do dia (e, dependendo, da noite). Praticamente tudo o que você puder imaginar, ali é o lugar onde você encontrará.

Lojas misturam-se com restaurantes, vendedores ambulantes com pedestres, artesanatos com artigos de luxo. O bairro está praticamente cercado entre as Ruas Sari, Aióu, Panderóssou, Ifanístou e Aeros.

A Platéia de Avysinías é a que reúne os mercadores de antiguidades. É um labirinto e, em um minuto, você pode estar no meio de antiguidades e, no outro, deparar-se com modernidades, como eletrônicos, artesanatos e roupas de grife. Claro, se o meu interesse são antiguidades, é nelas que pretendo centrar minhas atenções. Num primeiro momento, é difícil encarar minha decepção.

Como eu já havia aqui mesmo dito em outro post, os apreciadores de antiguidades devem saber distingui-las entre velharias e quinquilharias.

Eu só conseguia enxergar estas últimas. E em profusão estonteante. Com uma primeira impressão desanimadora, resolvi parar e tomar um alepi, chá preparado há séculos a partir de raízes e tubérculos. É vendido nas ruas. Ótimo, não deixe de experimentar (não vi em nenhum outro lugar do mundo ser servido como chá e, sim, como ingrediente (chique) para doces). Ânimo renovado, voltei a circular pelas pequenas ruas e entre a infinidade de vendedores que esparramavam seus “produtos” ao longo das calçadas.

Como eu já expliquei aqui também, este tipo de mercado requer um certo mapeamento e uma seleção mental de possíveis objetos de interesse. Feito isso, meu foco de atenção passou a ser dois ou três objetos. De uma forma geral, sobressaem-se os ícones bizantinos (por motivos óbvios, até porque Atenas esteve sob o controle dos otomanos) em todas as suas variações e materiais (entre eles, alguns que são realmente antigos e bonitos; outros que não passam de velharias mal conservadas), algumas peças em prata e porcelanas gregas com seus indefectíveis arabescos em ouro (a bem da verdade, existia muita coisa mais, mas estes são os resultados da minha “seleção”).

Os preços? São os praticados nos mercados de pulga: em geral, você paga o quanto quiser (claro, ao final de uma curta/longa negociação). O interessante mesmo é que você dê umas três ou quatro voltas por todo o mercado e, depois, parta para as compras (se for o caso).

Comidinhas e cafés

Quando cansar, pare para tomar um café: vários cafés  colocam suas mesas na calçada e você poderá apreciar a agitação em um lugar privilegiado. Peça um autêntico café grego. Não é lá uma unanimidade quanto ao fato de ser saboroso. Mas valerá a experiência, com certeza. Está com fome? Experimente um gyrus, espécie de sanduíche facilmente encontrado nestas bandas, recheado de carne, tomate, batatas, legumes e tatziki. Vale lembrar que a Ágora – o centro político e religioso da Atenas antiga – está situada no bairro: então, vale uma passadinha por lá.

Plaka, o bairro, está grudado em Monastiráki. A região concentra praticamente todos os monumentos mais importantes da cidade (a Torre dos Ventos merece uma visitinha!) que se misturam com os restaurantes, cafés, tabernas, lojas e mercadores.

É hora do almoço/janta? Aproveite para conhecer o Hermion (próximo a Catedral) e desfrute da autentica cozinha grega (as saladas são imperdíveis, assim como os doces), com preços prá lá de acessíveis. Outra ótima opção é a vintage Cafeteria Melina (Lysiou, 22), onde teria morado a emblemática Melina Mercouri.

Na hora do happy hour, não deixe de ir ao magnético Brettos Bar (na rua Kydathinaion). Sim, magnético, porque é impossível não ser atraído por suas luzes, garrafas coloridas e pelo ambiente e músicas extremamente agradáveis (e, por isso, é possível que você acabe adentrando a noite). A propósito, os nativos são muito simpáticos e solícitos.

Para um domingo, acho que foi um programa e tanto, até porque amanhã é segunda e a vida se encarrega de acelerar o mundo das horas. Para mim, foi um daqueles dias perfeitos.

Até breve, Atenas!

Sempre em busca de belas obras de arte, belas fotos e das melhores coisas que a vida pode oferecer.

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